segunda-feira, 14 de novembro de 2011

História da MPB (parte 2)









A partir da década de 70, muitos artistas foram revelados pela música popular brasileira. Nomes como Elis Regina, Raul Seixas, Rita Lee, Fagner, Tim Maia, Jorge Ben e Clara Nunes enriqueceram ainda mais a história de nossa música.

A gaúcha Elis Regina é tida por muitos como a maior cantora da história da MPB. Na voz de Elis merecem destaque a belíssima Como nossos pais (letra de Belchior), música que aborda a relação entre pais e filhos. E O bêbado e a equilibrista (música de João Bosco e Aldir Blanc), canção que ficou conhecida como o samba da anistia, pois menciona a volta dos exilados políticos ao Brasil em 1979.

Outro grande nome da MPB é o baiano Raul Seixas. Raulzito, como era conhecido, fez uma grande mistura de ritmos, principalmente do rock com a música nordestina. De Raul eu destacaria Ouro de tolo, canção de 1973, que aborda o chamado milagre econômico brasileiro e a conseqüente apatia política da maior parte da classe média no Brasil à época.

Da paulista Rita Lee, o destaque vai para Alô, Alô, Marciano, música em que Rita narra para um ET o quão está confuso e complicado o planeta Terra. Do cearense Fagner eu ressalto Canteiros, bela canção com letra baseada na poesia de Cecília Meirelles. Do carioca Tim Maia eu destacaria Imunização racional, música em que Tim se revela um adepto da “filosofia racional”, doutrina contida no livro Universo em Desencanto. Do também carioca Jorge Ben (hoje Jorge Ben Jor) vale destacar W Brasil, música que faz uma espécie de raio-x do Brasil do final do século XX.

Outro grande nome da MPB é Clara Nunes. Nascida no interior de Minas Gerais, ela fez carreira musical primeiro em Belo Horizonte, depois no Rio de Janeiro. Na cidade maravilhosa, a cantora teve um contato maior com o samba e a partir disso não parou de fazer sucesso. Na voz de Clara, o grande destaque vai para Canto das três raças, letra que narra o quanto foi sofrido o processo de construção do povo brasileiro.

Ainda dentro do samba não poderia faltar uma menção ao grande Adoniran Barbosa. Sambista nascido em São Paulo, Adoniran colocou em suas músicas o jeito que o paulista simples falava. “Tiro ao álvaro” (tiro ao alvo), “frechada” (flechada) e “tauba” (tábua) são alguns exemplos disso. Seu grande sucesso: Trem das Onze. “Não posso ficar nem mais um minuto com você, sinto muito amor, mas não pode ser. Moro em Jaçanã, se eu perder esse trem, que sai agora às onze horas, só amanhã de manhã”. Adoniran Barbosa foi o grande compositor do chamado “samba paulista”.

Eis que chegamos à década de 80, época em que a MPB ficou marcada pelo rock e pela música de protesto como um todo. Talvez o maior símbolo dessa época seja a banda brasiliense Legião Urbana. Em Que país é este a Legião escancara os problemas do Brasil daquele momento. Já em Tempo Perdido a temática gira em torno da juventude candanga.

De São Paulo surgiram os Titãs. Em Homem Primata, o grupo paulistano faz ácidas críticas ao capitalismo (selvagem). Já a banda carioca Paralamas do Sucesso (carioca, mas que começou sua jornada em Brasília) em A Novidade critica as altíssimas desigualdades sociais dos anos 80. E os brasilienses da Plebe Rude em Até quando esperar abordam a péssima distribuição de renda do nosso país.

Ainda na década de 80 surgiu no cenário da MPB o carioca Cazuza. Em Ideologia, o cantor fala das desilusões e da falta de perspectiva para um futuro melhor. Enquanto que o grupo gaúcho Engenheiros do Hawaii regravou Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones, canção que narra os horrores da Guerra do Vietnã.

Não podemos deixar de mencionar o paraibano Zé Ramalho. Em 1979 ele compôs Admirável Gado Novo. Mas essa música se encaixa perfeitamente na década de 90, afinal, tem tudo a ver com a luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Êeeeeh, ôooooh, vida de gado, povo marcado, êh, povo feliz”!

Na década de 90 mesmo surgiram a banda carioca O Rappa e o grupo paulistano de rap Racionais MC’s. Do Rappa vale destacar Minha Alma, canção que fala da insegurança, da falta de liberdade de quem mora num condomínio fechado e do tédio de uma tarde de domingo. Dos Racionais eu destacaria Capítulo 4, Versículo 3, rap de 1997, que é quase uma profecia do final do milênio.

Então é isso. Esta foi uma brevíssima história da MPB.

Um comentário:

chico macedo disse...

Importante a citação aos Racionais MC´s, Bruno. Eles são tão M, tão P e tão B com os demais artistas dignamente citados. Sobre o que acontece hoje no cenário pop musical do Brasil, faço uma livre adaptação de Raul Seixas:

"Hey! Anos 80 (2000)! Charrete que perdeu o condutor.
Hey! Anos 80 (2000)!
Melancolia e promessas de amor.”