quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Con Chávez hasta 2026

Tenho me incomodado muito, nos últimos anos, com a campanha nefasta feita pela grande mídia brasileira contra o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Chamam-no, indiscriminadamente, de ditador, autoritário, demagogo e até mesmo (pasmem), de totalitarista. Ora, se pontuarmos todos os aspectos de seu governo (desde 1999), não consigo encontrar nenhuma prova contundente de seu suposto tiranismo.

Atacam-no, com veemência, pelo fato de ter tentado dar um golpe de Estado no ano de 1993. Chávez foi mal sucedido nessa tentativa e acabou sendo preso. Cumpriu sua pena e foi eleito democraticamente em 1999. Ora, quando analisamos as passagens de Getúlio Vargas na política brasileira fica muito bem diferenciado o seu governo ditatorial (sobretudo, Estado Novo) e seu governo democrático (1951-1954). Portanto, o que importa são as práticas de Chávez a partir de 1999, momento em que ele efetivamente chega ao poder e governa a Venezuela.

Cotidianamente, jornalistas da grande imprensa brasileira acusam o presidente da Venezuela de controlar os poderes legislativo e judiciário e não dão maiores explicações sobre isso. Chávez, efetivamente, controla esses dois poderes. No caso do legislativo, isso se deu em função de uma manobra - no mínimo desestabilizadora, para não dizer golpista - desastrada da direita venezuelana. Ela simplesmente resolveu boicotar as últimas eleições legislativas, considerando, talvez, que isso deslegitimaria Hugo Chávez. É óbvio que não o deslegitimou e o partido chavista passou a ter todas as cadeiras do congresso venezuelano. No caso do judiciário, na Venezuela, assim como no Brasil e na maioria das democracias ocidentais, é o presidente da república quem nomeia os ministros da suprema corte. Portanto, não enxergo o autoritarismo.

Com maioria no Congresso, o governo de Hugo Chávez promulgou uma nova constituição para a Venezuela. Muito ao contrário do que alguns poderiam imaginar, a nova constituição ficou altamente democrática. Nela estão previstos referendos populares periódicos a respeito da permanência ou não do presidente da república no poder. Vários avanços sociais são contemplados, como por exemplo o estabelecimento dos círculos bolivarianos, presentes nos lugares pobres de todo o país. Nada disso é tratado pela grande mídia.

Outro fato muito comentado, porém pessimamente explicado foi a não renovação, por parte do governo Chávez, da concessão pública para a rede de televisão RCTV. Primeiro ponto: a RCTV esteve diretamente ligada à tentativa de golpe de Estado que Hugo Chávez sofreu em 2002 (vejam o documentário irlandês A revolução não será televisionada). Segundo ponto: a RCTV tinha dívidas trabalhistas e fiscais pendentes. Terceiro ponto: a não concessão pública é uma prerrogativa dos chefes do poder executivo em praticamente todas as democracias ocidentais. Não são poucos os exemplos de chefes de países europeus que optaram por não renovar a concessão para essa ou aquela rede de comunicações. Omitir isso do público é uma tremenda má fé, por parte da grande imprensa brasileira.

Quanto à liberdade de imprensa, é uma piada de mau gosto dizer que ela não existe na Venezuela. A direita venezuelana conta com inúmeras TVs, rádios e jornais que fazem oposição ferrenha ao governo Chávez e continuam existindo normalmente. Hugo Chávez, inclusive, é freqüentemente desrespeitado por esses grupos, que associam sua figura à de um macaco e outras coisas mais. No caso da tentativa de reforma constitucional, no final de 2007, a imprensa anti-chavista teve total espaço nos meios de comunicação para fazer sua campanha contra a reforma. Ora, se isso não é liberdade de imprensa eu não sei mais de nada.

Por falar na reforma, Chávez poderia ter muito bem tê-la aprovada no Congresso Nacional, já que tem maioria parlamentar. Mas não, preferiu submetê-la à apreciação popular. O povo venezuelano discutiu amplamente seus pontos (não conheço países totalitários em que isso tenha sido possível) e optou por não aprová-la. Hugo Chávez aceitou o resultado e disse que continuará na luta (democrática) por sua aprovação.

E é por tudo isso que digo a todos que Soy chavista e estoy con Chávez hasta 2026!

5 comentários:

Andrecatuaba disse...

De fato eu nunca tinha ouvido falar desses círculos bolivarianos. Até onde sei os indicadores sociais na venezuela, como criminalidade, desemprego, etc, não melhoraram em nada, ou até pioraram. Todo o mingau dos petrodólares é usado para comprar armamento sucateado no Irã e da Rússia, alimentando a fantasia belicista do titio Chavez.

Huguera disse...

Cara, eu de início boto fé no Chavez por ele ser antes de tudo um contra-peso na balança. É importante pra América Latina ter um chefe de estado que vê as coisas de outra forma e age diferente. É só dando vazão à pluralidade que a gente vai conseguir construir o nosso jeito de fazer política e nos consolidar no cenário mundial.

Rzanon disse...

Os indicadores sociais da Venezuela e de outros países da América do Sul melhoraram e muito e não foi à toa: os governos eleitos pela maioria destes países( Argentina, Uruguai, Venezuela, Chile, Equador, Brasil e Bolívia) têm os olhos e ações voltados para as camadas mais baixas de suas respectivas populações, camadas essas que têm os piores índices sociais. Então vimos melhoria nos índices de emprego, diminuição da mortalidae infantil, melhor distribuição de renda e maior investimento em educação. Inclusive os recursos oriundos da exploração dos bens naturais, que sempre foram apoderados pela elite, estão sendo distribuidos para o povo através de programas de renda,programas esses chamados por alguns membros das classes privilegiadas de esmola. Outros índices sociais(violência) melhorarão com o tempo e com a continuação dos investimentos na população de baixa renda. Outro fator importante dos atuais governos sulamericanos é o discurso altivo e independente perante as grandes potÊncias e ex-metrópolis que, incomodadas, latem "cala-tes" para nossos mandatários. Não vamos nos calar!
HASTA LA VITÓRIA.

chico macedo disse...

Bruno,

para começar, que alegria vê-lo aqui, amigo.

Sobre Chávez e a Venezuela duas referências acredito que nós dois tenhamos:

- La Revolucion no será Televisionada.

- História da América I e II!!

A mídia e a classe média (tão presas uma na outra) tem problemas quando esse papo de distribuição de renda e redução das desigualdades sociais é levado a sério.

Só vale quando é caô com o objetivo de "pegar alguém" ou para passar por descolado. Vide o problema dos desiludidos/decepcionados com a atuação da esquerda brasileira no poder...

abraço, chico.

p.s: o meu é www.blogdochicomacedo.blogspot.com

Bruno Cameschi disse...
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